segunda-feira, 10 de abril de 2017

TRIBUTAÇÃO REGRESSIVA. PESSOAS COM RENDA MENOR PAGAM MAIS TRIBUTOS.
Isso ocorre pelo fato de que a maioria dos tributos no Brasil incide sobre bens de consumo e não sobre a renda (como ocorre em sistemas mais justos). Dessa forma, como pessoas com renda menor gastam uma porcentagem maior do que ganham com bens, ex. pra alimentação, vestuário, etc. Proporcionalmente, elas são mais afetadas pela tributação, não conseguindo fazer sobrar dinheiro para fins de acumulação. Isso pode ser considerado um dos ingredientes para a perpetuação da desigualdade social e concentração de renda em pequena parte da sociedade. Roberval Rocha dá exemplo: uma pessoa que ganha R$ 10.000,00, gasta R$ 2.000,00 com alimentação, e paga 17% de tributos sobre essa alimentação paga em média três vezes menos tributos do que uma pessoa que ganha R$ 500,00, gasta R$ 300,00 com alimentação e paga 17% de tributos sobre esses R$ 300,00. Isso tendo como parâmetro a porcentagem de sua renda comprometida com tributos. Esse fenômeno é chamado de tributação regressiva.
De outro lado, é bem verdade, a tributação progressiva do imposto renda (quem ganha mais paga com base em alíquota maior) tenta equilibrar a mencionada conta. Mas parece não conseguir, pois, como dito, a maior tributação ocorre sobre bens de consumo e não sobre a renda propriamente. Do mesmo modo, o princípio da seletividade, pelo qual bens essenciais, ex. pão, são menos tributados que bens não essenciais, ex. cigarro, também tenta equilibrar aquela conta. Porém, também parece não conseguir, até por que pessoas com renda mais baixa também consomem bens não essenciais. Bem como por que, por exemplo, quanto ao imposto de circulação de mercadorias (ICMS) a Constituição Federal diz que ele poderá ser seletivo e não que deverá ser seletivo. Isso permite coisas do tipo: no Paraná a alíquota do ICMS sobre energia elétrica (bem essencial consumido por todos) ser de 29%, inclusive superior à média de 18% para outras mercadorias.
Esses são poucos exemplos, dentre inúmeros, que aparentemente contribuem para conclusão acerca da necessidade de uma reforma tributária no Brasil.